Retrato de Vasco da Gama
Escola portuguesa, século XVI
Óleo sobre madeira, 25 x 20
Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga, Inv.nº.: 550 Pint

 

Vasco da Gama (ca. 1460-1524) é uma das figuras predominantes das viagens de descobrimentos europeus. Foi o comandante da armada que fez a primeira viagem para a Índia, provando que a rota era viável e, com isto, permitindo um contacto mais desenvolto entre Oriente e Ocidente. Partiu de Lisboa, da praia do Restelo, em 8 de Julho de 1498, e desembarcou em Calecute (Índia) a 20 de Maio de 1498, após uma viagem que o levou pelas costas ocidentais africanas até à passagem do Cabo da Boa Esperança. Já na costa oriental do continente africano conseguiu os préstimos de um piloto muçulmano em Melinde, tendo três dias depois chegado às costas do sub-continente indiano. Regressou a Portugal em 1499, já com a sua armada depauperada tal fora a perda de homens durante os trajectos. Faz a sua segunda viagem em 1502,  nomeado já »Almirante do Mar Oceano«, conseguindo manter a supremacia portuguesa sobre os árabes, contra os quais combateu. Será feito Conde da Vidigueira e nomeado, em 1524, Vice-Rei da Índia, viajando então para Goa onde morre de doença febril. No quadro em apreço, a personagem é representada ligeiramente virada sobre a esquerda, seguindo a convenção figurativa em voga no século XVI para os homens de letras e cortesãos. Esta condição parece ser acentuada pelos óculos que segura na mão direita e pela carta manuscrita, ilegível, que sustenta na mão esquerda. É coifado por um gorro e a indumentária é rica, de gibão guarnecido com golas amplas de pele de marta com uma Cruz de Cristo ao peito. O olhar é decidido, numa face serena de grande barbas brancas. Pode dizer-se tratar-se do retrato ›oficial‹ de Vasco da Gama, apesar de não se conhecer nenhum dado concreto que permita sustentar esta identificação. Conhecida desde 1845, a pintura foi comprada pela Academia das Belas Artes de Lisboa e apresentado com a identificação ainda interrogada. A origem da peça foi traçada, tentativamente, podendo ser proveniente da casa dos Nisa, passando depois à posse do Conde de Farrobo, havendo vaga tradição familiar quanto à identificação com o navegador. Apesar de não ser certa, a identificação acabou por se tornar quase indelével por força das sucessivas referências em comemorações e efemérides, pelo que se veio a impor como iconografia do Gama.