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Prólogo | Portugal na Idade Média | Acervo existente | As Descobertas | Cartografia e Náutica

Novos Mundos – Velhos Impérios | Portugal no Ultramar | Os Gabinetes de Curiosidades

Portugal no século XVI | Conflitos internacionais | A imagem do Outro

 

 

X. Conflitos internacionais

A violência fez parte integrante da expansão europeia. A investida no Norte de África, a partir de 1415, foi consequência da tradição das cruzadas. Até mesmo as primeiras expedições, pela costa ocidental africana, foram aproveitadas para captura de escravos. Os primeiros contactos indo-portugueses, em Calecute, terminaram em fogo cruzado da artilharia naval. O facto de os conflitos bélicos, entre os impérios asiáticos, serem meramente terrestres, revelou-se de crucial vantagem para Portugal. O tráfego comercial internacional no Oceano Índico, decorreu, comparativamente, pacífico, durante os finais do século XV, não tendo sido controlado por nenhuma frota de uma grande potência.

 

Um outro aspecto, igualmente, vantajoso para Portugal foi o país, desde o início das Descobertas até à União Pessoal (1580–1640), não se ver envolvido em quase nenhuns conflitos a nível europeu. Não obstante, não levou muito tempo a que alguns países começassem também a lutar pela sua posição dominante no Ultramar. O navegador português Fernão de Magalhães conduziu a concorrência espanhola às ilhas das especiarias, apesar de todas as intervenções do seu país de origem. No Atlântico, corsários franceses, ingleses e mais tarde holandeses, tentaram apresar, regularmente, navios comerciais ibéricos. No Brasil, franceses e portugueses  solidarizaram-se com diferentes etnias índias, sendo estas, deste modo envolvidas nos conflitos de potências estrangeiras. No século XVII, os Países-Baixos, no âmbito da sua própria luta de independência contra a Espanha, atacaram bases portuguesas no Brasil, na África Ocidental, assim como no Sul e Sueste da Ásia, o que levou historiadores, como Charles R. Boxer, a descrever estas tensões mundiais como sendo a primeira guerra mundial. No período seguinte, Portugal foi perdendo as suas inúmeras bases, que antes dominara, sobretudo na Ásia. Além dos Países-Baixos, a França e a Inglaterra estabeleceram-se como novas potências coloniais. Mas também a Suécia, a Dinamarca e Brandeburgo tentaram, ainda no século XVII, constituir colónias ultramarinas.

 

Os povos indígenas reagiam aos colonizadores de modos diferentes. As reacções iam desde a resistência implacável até à coexistência pacífica e da expulsão dos intromissores à manipulação estratégica e à tentativa de, através de alianças com os estrangeiros, beneficiar de vantagens em relação a antigos adversários.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Morteiro português,
bronze, fim do século XVII,
Berlim, Deutsches Historisches Museum

Conquista de Salvador pelos holandeses no dia 10 de Maio de 1624,
Alemanha, pós 1624,
Berlim, Deutsches Historisches Museum